Rui Car
06/06/2024 10h20

Há 75 anos, SC entrava para a história como palco de um dos maiores acidentes aéreos do país

Em 6 de junho de 1949, aeronave da Força Aérea Brasileira bateu no morro matando passageiros e tripulantes

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Parte da fuselagem do C 47 (Foto: Arquivo histórico)

Parte da fuselagem do C 47 (Foto: Arquivo histórico)

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Há 75 anos, Santa Catarina era palco do, até então, maior desastre aéreo do país. Na tarde chuvosa de 6 de junho de 1949, um avião da Força Aérea Brasileira, batizado de Douglas, DC-3 C-47, colidiu contra uma rocha do Morro do Cambirela, em Palhoça, na Grande Florianópolis. A aeronave, que vinha do Rio de Janeiro, tinha como destino Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.

 

No avião, que tinha feito escala em São Paulo, Curitiba e Florianópolis, estavam 28 ocupantes, seis tripulantes e 22 passageiros. Ninguém sobreviveu.

 

Urnas mortuárias em câmera-ardente, no 14 BC (Foto reproduzida do Jornal A Gazeta, edição de 10 de junho de 1949)

 

Ainda sem televisão, Brasil acompanhou tragédia por jornais impressos e estações de rádio

 

A aeronave se desintegrou. Só muitas horas depois, na manhã seguinte, o socorro chegou ao local. As equipes se valeram do conhecimento de indígenas e de moradores da região, como das comunidades da Praia de Fora, Enseada do Brito, Furadinho e Guarda do Embaú, para acessar a área onde ocorreu a queda. Alguns desses relataram ter visto o avião voando baixo e um barulho como um trovão. Foram três dias para o resgate dos corpos.

 

Soldados da equipe de resgate procurando cadáver na mata (Foto reproduzida do Jornal A Gazeta, edição de 10 de junho de 1949)

 

O acidente ganhou manchetes de jornais impressos e agências internacionais. Como a televisão só seria inaugurada no Brasil em setembro de 1950, a divulgação foi feita pelas estações de rádios credenciadas pela Agência Nacional. Detalhes da tragédia estão no livro “O Último Voo do FAB 2023” — em alusão à matrícula do avião — de Silvio Adriani Cardoso, pela Appris Editora.

 

A tarde daquele 6 de junho era fria, chuvosa e com nuvens densas e baixas, e exigia voo por instrumento devido à pouca visibilidade. Algo normal, ainda mais para uma aeronave adquirida dos Estados Unidos e com equipamentos de radionavegação considerados de última geração, observa o autor do livro. A dificuldade seria outra:

 

A região não era plana e naquele momento o C-47 2023 se aproximava de uma área montanhosa, praticamente sem referências visuais e sob forte influência do vento que soprava do leste para o oeste, a chamada lestada, o que pode ter ajudado para a tragédia“.

 

Matéria no Jornal Correio da Manhã (Foto: Reprodução do Jornal Correio da Manhã)

 

Indígenas e vizinhos ajudaram a abrir trilhas na mata

 

Para o livro, Adriani fez pesquisas que duraram duas décadas. O pesquisador acessou documentos, recortes de jornais, testemunhas e parentes das vítimas, assim como remanescentes do grupo de salvamento que enfrentou muitas dificuldades para acessar o local e fazer o trabalho de remoção das vítimas.

 

Aficionado por pesquisa e memória aeronáutica, o autor acredita que um conjunto de fatores contribuiu para a tragédia. Porém, as condições climáticas tiveram peso significativo, diz. O pesquisador também resgatou que, na época, Florianópolis era abastecida pelas companhias aéreas Varig, Cruzeiro do Sul, Tal e Panair do Brasil, com voos regulares para as principais capitais.

 

Matéria no Jornal Correio da Manhã (Foto: Reprodução do Jornal Correio da Manhã)

 
Fonte: Ângela Bastos / Diário Catarinense / NSC Total
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